Etanol de milho e pulses estão entre os novos produtos que ganham destaque no médio norte de Mato Grosso

Por Rafael Walendorff — De Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde

18/03/2020 05h00

A boa fase dos grandes polos agrícolas do médio norte de Mato Grosso também atrai agroindústrias para uma “nova era” de modernização e verticalização da produção local, puxada pelo fortalecimento do mercado do milho, novas alternativas para a soja, apostas em culturas menores e resultados promissores na criação de peixes, aves e suínos.

A FS Bioenergia, primeira indústria de etanol exclusivamente de milho do Brasil, se instalou, primeiramente em Lucas do Rio Verde e agora em Sorriso, onde iniciou operações recentemente. Quando estiver em pleno funcionamento, deverá ser a maior usina de bioenergia do mundo. Nas duas plantas, foram R$ 3 bilhões investidos e a expectativa é chegar a 1,4 bilhão de litros de etanol por ano nas duas unidades, com processamento de 3 milhões de toneladas do cereal.

Ao menos duas indústrias menores também estão em operação e uma cooperativa de produtores de Sorriso planeja instalar uma esmagadora própria do cereal para produção do biocombustível. “Filhos e netos dos pioneiros estão começando a nova modernização da agricultura, agregando valor”, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico de Sorriso, Cláudio Drusina.

Em Sinop, a Inpasa, concorrente no mercado do biocombustível à base de milho, gera mais de 500 empregos diretos. Uma estatal da China já adquiriu terrenos e vai iniciar investimentos de US$ 10 bilhões em um parque de tecnologia para o agronegócio nos próximos anos.

A fabricante alemã de máquinas Fendt escolheu Sorriso para instalar, em setembro, sua primeira concessionária na América Latina – e já vendeu 30 máquinas que custam cerca de US$ 400 mil desde então.

“Tem que se tornar mais eficiente”, diz o agricultor Rodrigo Pozzobon, um dos que têm ajudado a aumentar a área destinada à agricultura irrigada na região. Já são 130 mil hectares com pivôs no Estado. Nesse cenário, os pulses são as joias do momento, puxadas pelo feijão. Culturas como gergelim, chia e amendoim começam diversificar o cenário das lavouras e a atrair o interesse do produtor médio de Mato Grosso, com propriedades de 2 mil a 3 mil hectares.

Também vale lembrar que a Caramuru, maior processadora de soja convencional do país, está investindo R$ 115 milhões para construir a primeira fábrica do mundo de etanol de soja. Será o nono produto gerado a partir do esmagamento do grão da unidade em Sorriso, responsável por 18% do faturamento de R$ 4,2 bilhões da empresa em 2019.

Os bons resultados desta safra também devem se refletir nos investimentos que os produtores vão fazer no Show Safra BR 163, promovido pela Fundação Rio Verde nesta semana. A estimativa era de 80 a 90 mil visitantes e R$ 1,5 bilhão em negócios, mas o agravamento da situação do coronavírus deverá frustrar as expectativas.

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